quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Suspiro

Nascer por breves instantes... o coração que se apagou por dor e mágoa...
Nascer por momentos... a alegria que fugiu do olhar...

Um suspiro, uma razão para continuar...
Um sopro, uma vontade...
Um fogo que se ateia em tal combustão que torna difícil inspirar, expirar!
Este suspiro que és e que fazes circular meu sangue em repetidas palpitações.
Colocas meu mundo do avesso, já não sei dizer se és a minha transfusão ou se és o pirata que entranha as artérias e vagueia nas veias.
Quem és, suspiro meu?!
Suspiro que crava meu olhar, dói de intensidade e arrepia em azul a lágrima que desce em pele fina.
Suspiro que lateja e fere...
Suspiro que pulsa e que se torna bandido do meu batimento mais feroz.
Dá-me medo que as partes não sejam iguais. Debato a saudade e a insegurança!
Fraquejo na ansiedade e no carinho, reflito na euforia e na intenção!
Desfeita em mar transparente...sorrio!
Penso então no jorro de meiguice, na ternura desmedida...
Penso que gosto muito de ti. Que gosto de chamar teu nome, que não me importa das vezes em que não sabes a resposta mas finges saber... de quando em espiral sopras pela comissura do teu lábio perfeito tentando não atingir o meu respirar...
Penso ainda na forma como tentas me fazer sentir agradada, até ao último instante, até ao mais pequeno poro do teu ser.
Fazes tudo parecer tão natural....
Gosto quando te perdes na linguagem e te esfumaças em sorrisos....
Quando estás melancólico e me tentas encontrar no meio da saudade...
Suspiro és, quando me preenches...
Quando me agradas em tantas coisas sem se ver qualquer esforço, fazendo parecer tão perto do teu batimento pulmonar.
Gosto da coragem com que estás na minha vida, das alegrias que trazes e das tristezas que consegues desbravar para fora de mim.
Gosto muito mais de ser a tua afeiçao, o teu eco a tua arritmia.
Gosto de saber que te rebato num consolo, que te aperto o coração, que te desnorteio...

Suspiro que tiraste meu coração da dor e da mágoa...
Suspiro que recuperaste a alegria do olhar...
Por breves instantes,
Por breves momentos...

Por hoje ou por sempre, amanhã?!

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